(Foto: Waldemir Barreto /Agência Senado)
Em menos de uma semana, o
Ministério Público do Estado (MPE) apresentou a segunda denúncia contra o
ex-presidente da Assembleia Legislativa, o atual senador Mário Couto
(PSDB). Ele, a filha e atual deputada estadual Cilene Couto (PSDB), o
ex-primeiro secretário da mesa diretora da Casa, Haroldo Martins (PTB), e
mais sete pessoas são acusadas de integrar um esquema de fraudes em
licitações de obras que teria desviado quase R$ 14 milhões dos cofres do
parlamento estadual.
Os promotores de Direitos
Constitucionais Nelson Medrado e Arnaldo Azevedo protocolaram nova ação
civil pública ontem à tarde, requerendo o ressarcimento do valor
desviado no esquema de corrupção, a responsabilização judicial pela
prática de improbidade administrativa dos envolvidos e ainda o pagamento
de multa pela prática criminosa. Entre outras penalidades, eles poderão
perder os direitos políticos e serem proibidos de contratar com a
administração pública.
Na semana passada, o MPE já havia
denunciado Mário Couto, a filha e mais um grupo de servidores da AL por
fraudes na folha de pagamento da casa. Desta vez, as fraudes são do
período de 2004 a 2007 e se referem ao esquema de falsas licitações
realizadas pela Comissão Especial de Licitação de Obras (Celo), com
concorrências de cartas marcadas para beneficiar empresas criadas pelo
próprio grupo denunciado, em nome de seus parentes. Foram forjados mais
de cem procedimentos licitatórios para a contratação de serviços de
engenharia na própria sede da AL, alcançando R$ 13,3 milhões, desviados
para os bolsos da quadrilha.
Após a primeira denúncia que chegou ao
MPE em janeiro de 2011, pela então chefe do Departamento de Pessoal,
Mônica Pinto, também já denunciada à justiça em ações anteriores, o MPE
realizou em abril busca e apreensão no Departamento de Pessoal e no
setor de Informática da AL, onde colheu inúmeros documentos que
comprovaram as fraudes em série. Esta ação específica foi possível
graças a documentos originais que os promotores conseguiram no gabinete
do então superintendente do Departamento de Trânsito (Detran), Sérgio
Duboc, que exerceu o cargo de procurador da AL durante a gestão Mário
Couto. Depoimentos de testemunhas do processo também confirmaram as
fraudes. Além de Mário Couto, Cilene Couto e do então
primeiro-secretário da mesa diretora da AL, deputado Haroldo Martins, o
MPE também denunciou os servidores Rosana Cristina Barletta de Castro,
Augusto José Alencar Gamboa, Dirceu Raymundo da Rocha Pinto Marques,
Sandra Lúcia Oliveira Feijó, Daura Irene Xavier Hage, Sandro Rogério
Nogueira Sousa Matos e Jorge Kleber Varela Serra.
As fraudes constatadas incluíam a
montagem e o direcionamento das licitações, com assinaturas falsificadas
e empresas que sequer haviam tomado conhecimento dos processos
licitatórios, mas apareciam como participantes. “Interessante situação é
demonstrada no procedimento licitatório nº 014/06–Celo/Alepa, pois
segundo o depoimento do Sr. Nilson Miguel Amaral de Jesus, representante
legal da empresa Corpenge Ltda, este mostrou surpresa ao ver o objeto
da licitação acima referido, pois sua empresa sequer vendia o tipo de
material apresentado no certame, trabalhando exclusivamente na prestação
de serviço elétrico e hidráulico. Sendo que o mesmo também negou ser
sua a assinatura no requerimento de habilitação da Corpenge na
licitação”, mostram os promotores na ação. Vários pequenos empresários
que prestaram depoimento ao MPE comprovaram que não tinham envolvimento
algum com o esquema e que suas assinaturas foram falsificadas. “Idêntica
situação foi verificada nas declarações do sr. José Maria Vasconcelos
Ribeiro, sócio e representante da empresa Seta Engenharia Ltda, sobre o
procedimento licitatório nº 036/06–Celo/Alepa, pois ele não reconheceu
as assinaturas e rubricas constantes do certame, negando ter participado
do mesmo”, acentua a denúncia.
AÇÃO DISTRIBUÍDA
A denúncia contra Mário Couto ajuizada na semana passada pelo MPE já foi distribuída para a juíza da 11ª Vara Penal, Jessiany Monteiro de Souza. Inúmeras caixas contendo as provas das fraudes foram enviadas para a justiça, que deverá analisar toda a documentação especificamente. (Diário do Pará)
A denúncia contra Mário Couto ajuizada na semana passada pelo MPE já foi distribuída para a juíza da 11ª Vara Penal, Jessiany Monteiro de Souza. Inúmeras caixas contendo as provas das fraudes foram enviadas para a justiça, que deverá analisar toda a documentação especificamente. (Diário do Pará)
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