Vencer a corrupção é a prioridade zero.
É
constrangedor que, dentre as 178 nações abrangidas pelo ranking anual
da ONG Transparência Internacional, recentemente divulgado, 68
apresentem menos corrupção do que o Brasil. O índice de 2011 foi
elaborado com base em depoimentos e entrevistas de empresários e
especialistas de organizações independentes, entre janeiro de2009 e
setembro de 2010. Nosso país ficou com pontuação final abaixo da média
de 3,7, a mesma do ano passado.
Na
série histórica dessa pesquisa, iniciada em 1995, a nota brasileira
sempre foi muito baixa, evidenciando que estamos patinando há muito
tempo no lodo da corrupção, o maior problema nacional. Solucioná-lo,
portanto, é mais importante do que as reformas tributária,
previdenciária e trabalhista, modernização e melhoria da infraestrutura,
queda dos juros, ajuste do câmbio e outras medidas prioritárias sempre
reclamadaspela sociedade e os setores produtivos.
Afinal,
enquanto a improbidade continuar livre, leve e solta, nunca haverá
receita tributária suficiente para saúde, educação e segurança,
dinheiro disponívelpara pagar aposentadorias dignas sem gerar déficit e
investimentos otimizados para infraestrutura. À medida que relações
espúrias entre corruptores e corrompidos continuem pautando parcela
significativa da interação entre o Estado e seus fornecedores, perde-se
expressivo volume de recursos, reduzindo-se a produtividade, a
competitividade e a capacidade real de investimento do setor público.
São
numerosas as pessoas físicas e jurídicas indignadas com a corrupção e
resistentes ao assédio. A estas colocam-se sempre as barreiras da
burocracia, cujo exagero no Brasil é caldo de cultura para propinas e
acordos sub-reptícios. Depara-se com a velha cultura de criar
dificuldades para vender facilidades. É muito difícil fazer o certo nas
entranhas de um sistema distorcido, viciado e que parece estruturado
para achacar.
É
urgente conter essa praga, evitando que paulatinamente contamine de
modo amplo o setor privado, o sindicalismo e as relações intersociais e
empresariais. Por isso, seria importante que, no Governo Federal,
Estados e Municípios, houvesse umórgão de gestão, diretamente
subordinado à presidente da República, aos governadores e aos prefeitos,
encarregado de conter a corrupção, atenuar a burocracia e contribuir
para uma administração efetivamente focada em resultados.
Para não se perpetuar na segunda
divisão do ranking da Transparência Internacional, o Brasil precisa
formar novas lideranças comprometidas com a ética, a probidade e as
boas práticas de governança. Não podemos nos dar luxo de perder a
geração nascente nos maus exemplos da troca de favores, da propina e do
toma lá dá cá.
Juan
Quirós é presidente do Grupo Advento e vice da FIESP (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo) e da ABDIB (Associação Brasileira da
Infraestrutura e Indústrias de Base).
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