Acordo põe fim à paralisação
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Após dez horas de negociações, militares aceitam proposta de reajuste escalonado que varia de 18,25% a 26,25%
Depois
de dez horas de negociação, o comando grevista dos policiais e
bombeiros militares do Estado do Pará aceitou a contraproposta do
governo estadual e pôs fim à greve da corporação, por volta de 21 horas
de ontem, após consultar a assembleia da categoria, realizada em frente
ao Centro Integrado de Governo (CIG). A oferta de reajuste salarial
escalonado, variando de 18,25% a 26,25% para os praças e aumento para
70% na gratificação de risco de vida, no entanto, deixou a tropa
dividida, com um grupo defendendo a continuidade da paralisação.
O
anúncio do fim da greve foi feito em conjunto por representantes do
governo e integrantes das várias associações ligadas aos policiais
militares e bombeiros, no CIG, em entrevista coletiva à imprensa. A
categoria ainda conseguiu avançar no pagamento do auxílio-fardamento, a
ser pago, já em fevereiro, no cumprimento do pagamento da interiorização
e na jornada de trabalho de 40 horas, que deve vigorar a partir de
março.
Os
demais itens da pauta de reivindicação dos PMs e bombeiros serão
debatidos na mesa de negociação permanente, instalada pelo governo,
outro resultado considerado positivo pelas lideranças da categoria. Uma
negociação que ficará para depois diz respeito aos 30% para completar
100% do pagamento da gratificação de risco de vida.
Com
os novos percentuais de reajuste, estendido apenas aos praças, os
soldados ganharam 18,25%, saindo da remuneração total de R$ 1.905,50
para R$ 2.253,20. Aos cabos o aumento foi de 20,43%, variando de R$
2.021,52 para R$ 2.434,61; aos terceiros-sargentos foi de 21,49%, indo
de R$ 2.168,94 para R$ 2.635,13; aos segundos-sargentos foi de 21,03%,
indo de R$ 2.439,16 para R$ 2.952,14. Primeiros-sargentos ganharam
reajuste total de 20,97%, alterando a remuneração de R$ 2.569,21 para R$
3.107,75; o soldo total dos subtenentes foi reajustado em 22,65%,
aumento de R$ 2.726,82 para R$ 3.344,93.
Os
chamados praças especiais também tiveram aumentos: para o
aluno-soldado, ele foi de 8,85% e remuneração total de R$ 947,00;
aluno-sargento, de 12,40%, saindo de R$ 899,22 para R$ 1.010,76;
aluno-oficial, de 14,97%, saindo de R$ 973,00 para R$ 1.118,85; e
aspirante a oficial, de 26,25%, aumentando de R$ 2.269,59 para R$
2.865,31.
A
titular da Secretaria de Estado de Administração, Alice Viana, afirmou
que o aumento aos oficiais deve ser consagrado por meio de projeto de
lei que ainda será enviado, em fevereiro, à Assembleia Legislativa do
Estado do Pará. Segundo ela, o acordo de ontem foi um "esforço para
valorização" da categoria e a retomada de uma política de recomposição
salarial para os servidores militares. A secretária destacou que os
percentuais concedidos trazem um ganho real à classe de 11% a 24%,
baseando-se no índice de inflação de 2011, de 6,5%.
"Não
é bom. Podíamos avançar mais, mas vamos aceitar para poder continuar
lutando por melhorias. Essa greve foi histórica porque conseguimos uma
mobilização nunca vista em todo o Estado e conseguimos, pela primeira
vez também, abrir uma mesa de negociação permanente com o governo",
disse Hélio Borges, integrante do comando de greve da Associação de
Praças Militares do Estado do Pará.
O
diretor-presidente da Associação de Cabos e Sargentos do Estado do Pará,
Francisco Xavier, diz que agora a orientação é manter a mobilização
para que as próximas reuniões com o governo também tragam avanços.
"Queremos mais ganhos. O objetivo é dobrar o salário dos PMs nos
próximos três anos", declarou.
População já sentia insegurança nas ruas
Enquanto
a Polícia Militar negociava com o governo do Estado, durante reunião no
prédio do Centro Integrado de Governo (CIG), a população do Estado
temia pela falta de policiamento nas ruas. "Se já é dificil com a
polícia trabalhando, imagina sem policiamento. Estaremos entregues nas
mãos de bandidos", desabafou o autônomo Antonio Caldas.
A
preocupação do autônomo era compartilhada pela dona de casa Francisca
Ramos, que temia pelo aumento da violência no bairro onde mora. "Espero
que os policiais entrem em acordo e desistam da paralisação. Se a greve
começar a população será a mais prejudicada, principalmente quem mora em
bairros periféricos, como é o meu caso, que moro na Terra Firme, um dos
bairros mais perigosos de Belém", comentou Francisca.
Ontem,
duas pessoas foram executadas durante a manhã e um caixa eletrônico foi
arrombado durante a madrugada. "Este é apenas o sinal da falta de
segurança na cidade. Os criminosos estão torcendo por esta greve, pois
terão o campo de batalha livre. Vi no noticiário da televisão que um
rapaz foi morto durante assalto em Canudos e um trabalhador foi
executado em Ananindeua quando saía para trabalhar. Isso tudo aconteceu
durante o estado de greve da PM, imagina quando a greve começar, o que
será de nós?", indagou o aposentado Joaquim Miranda Nunes, de 68 anos.
Durante
toda a manhã de ontem, os policiais militares promoveram manifestações
no centro da cidade. Aproximadamente 200 PMs protestaram em frente ao
prédio do Centro Integrado de Governo (CIG), na avenida Nazaré, em
Belém. Os militares chegaram a interditar o trânsito na avenida.
Insatisfação divide a tropa e dissidentes prometem protestos
Os
representantes das várias associações componentes do comando de greve
da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar tiveram dificuldade de
comunicar à assembleia as informações sobre o acordo firmado com os
integrantes do governo do Estado. A tropa reunida em frente ao Centro
Integrado de Governo esperava muito mais do que o reajuste conquistado e
estava disposta a permanecer em greve. O debate entre lideranças e um
grupo de resistência foi levado até o fim, vencendo o argumento da
parcela que pôs fim ao movimento grevista.
Frases
hostis foram ditas por muitos que ficaram em frente ao Centro Integrado
de Governo depois que a negociação terminou. Eram os insatisfeitos com a
decisão das lideranças ligadas às associações de PMS e bombeiros.
Mostrando revolta, alguns ofenderam os líderes da categoria e propuseram
manter a greve.
Uma
das ideias do grupo era ir de quartel em quartel avisar aos demais
militares que a greve não havia terminado. Outros pretendiam invadir a
sede da Associação de Soldados e Cabos do Estado do Pará a fim de forçar
uma nova mobilização em torno do movimento. Depois de 21h20,
representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do
Pará (Sintep) surgiram para ajudar os dissedentes e até forneceram um
carro-som para os protestos.
Outra
proposta era ir em passeata até o Comando Geral da Polícia Militar, na
avenida Almirante Barroso. Mas, devido à falta de organização e ao
cansaço dos que protestavam, houve desistência. Eles garantiram, porém,
que hoje continuariam brigando pela manutenção da greve e pelo aumento
do soldo em 100%, como estava descrito na pauta original de
reivindicação da categoria.
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