Ameaçadas
Rosana Cordovil e Elaine Castelo Branco estão na luta contra o crime
A
promotora de Justiça Rosana Cordovil já escapou de um atentado em junho
de 2006. Ela chegava de táxi no prédio das Promotorias de Justiça
Criminais, em Belém. O ataque só não ocorreu porque o policial de
serviço na portaria saiu para ajudá-la a carregar os processos trazidos
por ela. Ele percebeu que a promotora fora seguida por quatro homens que
ocupavam duas motos. Esse fato foi apurado pelo Grupo de Prevenção e
Repressão a Organizações Criminosas (Geproc), do Ministério Público
estadual, mas não foi possível a identificação dos homens
Cordovil
anda com escolta policial 24 horas por dia desde a morte de Manoel
Gonçalves, em maio de 2010. Ele foi a segunda testemunha de acusação do
caso Rafael Viana morta em seis meses. Rosana diz que, desde o episódio
em que foi seguida pelos sujeitos nas motos, já havia mudado sua rotina,
evitando ao máximo sair à noite e se expor em locais públicos. E os
cuidados só aumentaram. "Eu não tenho dúvida de que o risco de morte que
corremos é muito grande. E qualquer descuido pode ser fatal", afirma.
Mas o fato de estar sendo ameaçada não mudou a conduta profissional da
promotora. "De forma alguma, eu jamais recuarei em minhas decisões".
EM ALERTA
Elaine
Castelo Branco começou a andar com escolta um mês antes da promotora
Rosana. Por ocasião da denúncia, a situação dela se apresentava pior. É
que, para o autor do plano contra elas, Rosana estava apenas fazendo seu
papel e Elaine, como defensora de direitos humanos, estaria tentando
incitar a população contra o tenente Negrão, e era responsável pelas
entidades de defesa de direitos humanos e sociedade civil se voltarem
contra ele.
O
fato de estar ameaçada, e andar escoltada, tirou a sua privacidade. "A
rotina mudou por completo. Aliás, não tenho mais rotina e nem posso ter.
Não frequento lugares abertos. Não me sento mais de costas para nenhuma
porta ou janela e fico constantemente olhando para todos os lados no
lugar em que me encontro", explica.
Há,
ainda, uma outra situação. Quando Elaine tem que ir em lugares públicos,
à noite, o policial que a acompanha está descaracterizado. Aí, nesse
caso, ela tem sempre que explicar que aquele homem é um policial e não
um companheiro. "São coisas constrangedoras", diz Elaine. Mas essa
realidade também não mudou a atuação da promotora. "Jamais recuarei em
minhas decisões", garante. O tenente Negrão nega todas as acusações
feitas contra ele.
Presidente da
Associação do Ministério Público do Estado do Pará (Ampep), o promotor
deJustiça Samir Tadeu Moraes Dahás Jorge diz que o Ministério Público
passou a investigar o crime organizado, corrupção e desvios de verbas
públicas. "Isso incomoda pessoas com alto poder econômico e que não se
conformam com a postura adotada pela nossa instituição, procurando
intimidar os promotores de Justiça", afirma. Ele diz que os promotores
estão sob escolta pelas ameaças sofridas em razão de suas atuações
funcionais. A maioria dos promotores ameaçados atua no interior do
Estado. Até o momento, nenhum deles sofreu atentado, "talvez em razão
das medidas adotadas pela administração superior do Ministério Público,
que disponibilizou a esses promotores a escolta armada", acrescenta.
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