Quarta-Feira, 22/08/2012, 0
(Foto: Marcelo Lelis)
Uma paisagem que muda, se alastra e cresce.
Uma cidade encostando na outra. Distâncias diminuindo e cada vez mais
pessoas morando nas cidades grandes. Até 2020, 90% da população
brasileira viverá nas cidades. Em 2000, Belém tinha pouco menos de 80
pessoas por hectare, o que totalizava mais de 1,7 milhão de habitantes.
Para 2020, a expectativa é que a capital paraense chegue a 2,427 milhão.
Os números foram divulgados pelo Relatório Estado das Cidades da
América Latina e do Caribe, divulgado ontem pelo Programa das Nações
Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).
Mas apesar dos altos números, o relatório aponta que a região da América Latina e do Caribe apresenta um crescimento
médio anual da população inferior a 2%. Um índice normal, segundo a
pesquisa. As cidades com maior densidade demográfica são as que
registram menor crescimento populacional, desde a década de 1980. Já as
cidades com menos de 1 milhão de habitantes são as que mais apresentam
crescimento, apesar de também indicarem queda.
Trazendo para a realidade local,
cidades como Ananindeua e Marituba tendem a crescer mais que Belém, em
termos populacionais. A expansão urbana está fazendo muitas cidades
ultrapassarem os limites administrativos de seus municípios. Isso causa
uma absorção física de outros núcleos urbanos, processo conhecido como ‘conurbação’. Assim, as áreas urbanas têm maiores dimensões territoriais, criando o que se chama região metropolitana.
Como as regiões metropolitanas se
interagem economicamente, por conta das indústrias, comércio e serviços,
elas estão dando origem as mega regiões ou corredores urbanos.
Estima-se que a região metropolitana de Belém
tenha cerca de 3 milhões de pessoas, o que não a classifica como mega
região, muito embora as características de interação econômica já
existam.
O estudo aponta que a desaceleração
populacional na região, que começou há cerca de 20 anos, deve continuar e
se projeta até 2030 um crescimento menor que 1% ao ano, quanto ao
número de habitantes na maioria dos países latino-americanos e
caribenhos. A densidade demográfica de Belém caiu 10% entre 1990 e 2000,
segundo o relatório. Um dos motivos, entende-se, é o crescimento de
cidades como Ananindeua e Marituba, que fazem parte da Região
Metropolitana da capital paraense.
Para a aposentada Maria da Graças Araújo,
todo esse crescimento é motivo de estresse. “Todo esse trânsito, todo
esse aglomerado... meus nervos não aguentam”, conta. Quando mais jovem
ela morou no bairro da Pedreira com a mãe, mas quando teve oportunidade
de ter uma casa para chamar de sua, escolheu a Cidade Nova I, a última
etapa do conjunto. “Eu queria um lugar tranquilo e quando eu vim para cá
era assim, tinha muita mata. Parecia que a gente tava no interior. Hoje
já mudou muito, a invasão está na frente da minha casa”, relata ela que
garante só por os pés na rodovia BR-316 nos finais de semana, para
evitar o trânsito.
A aposentada relembra como Belém e
Ananindeua eram longe e percebe que hoje não sabe mais onde estão os
limites de cada município. “Antes para vir para cá, pegava um ônibus que
só passava no 40 horas. Demorava uma hora para vir da avenida Almirante
Barroso até aqui. E o caminho era caminho mesmo, só árvore e cacimba
d’água. Hoje não tem mais nada disso. É só cidade”, afirma.
Mas como a urbanização não vai parar, ela já
sabe o que fazer. Dona Maria faz parte da estatística que não estará
morando nas cidades grandes em alguns anos “Quando eu posso vou para o
interior e quero é ficar por lá. Essa evolução veio como o vento, rápida
e eu quero é me sentir em paz, perto da natureza”, avalia.
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