A rivalidade entre as empresas do setor
da Internet é a que mais deve ser acompanhada por todas as empresas,
pois costumeiramente é a que dita rumos da economia e faz com que
grandes empresas de setores distintos – como GE, Coca Cola ou Hyundai –
alinhem sua estratégia de venda e de posicionamento global com base no
que Facebook, Google e Apple adotam como prioridade.
O mais recente capítulo dessa rivalidade entre as marcas do setor Internet é o estudo desta semana da Business Insider
que aponta (como pode ser visto no gráfico abaixo) que o tempo gasto no
Facebook aumentou 70% enquanto nos demais sites diminuiu 10% desde
março do ano passado.
Na prática, além de mostrar que as
pessoas preferem se dedicar mais aos seus amigos virtuais do que navegar
em busca de informação, esses dados mostram também a consolidação do
Facebook como maior site mundial (nessa semana a rede social atingiu a marca de 750 milhões de usuários).
Numa análise mais embasada, a valorização monetária do Facebook desperta o medo de termos uma “Bolha da Internet”
nas bolsas de valores, isto é, medo de que as ações do Facebook, cuja
mensuração de quanto realmente valem é mais difícil (afinal, é de um
site que estamos falando e não de uma montadora de carros) seja obtida
através de especulações financeiras e fique muito suscetível as
oscilações de mercado. A euforia causada pela sua valorização só
aumentará o valor de suas ações (causa e consequência)
e, para valores astronômicos alcançados, uma eventual queda, mesmo que
percentualmente pequena, acarretaria numa grande perda de dinheiro.
Dinheiro de cidadãos que esperavam ganhar rendimentos com ações e,
sobretudo, dinheiro de outras empresas (vital para seu
capital) que apostaram nas ações do Facebook como forma de obterem
lucros. E isso implica não somente num possível fim ao site, mas também,
mineradoras, empresas do ramo têxtil, bancos, etc, entrando em crise.
Se, por enquanto, o temor da bolha do Facebook
não passa de mais um motivo de preocupação aos economistas, por outro
lado, visível é a decadência, em termos financeiros (não se questiona
aqui a funcionalidade), do Google frente ao Facebook. Ambos partem de
uma ideologia semelhante: disseminar os valores da geração Y no mundo, primando pela simplicidade.
Mas as semelhanças param aí. E, são as diferenças entre os dois que
todas as empresas deveriam estar de olho. Numa análise simplória (e, com
certa razão), entre Google e Facebook pode-se afirmar que enquanto um
revolucionou a Internet e a levou a um status de indispensável na sociedade
(Google), o outro apenas criou um site para você manter contato com
seus amigos (Facebook). Mas é justamente o Google que vem perdendo
espaço e sendo considerado por alguns especialistas como algo bom que
aconteceu, mas que não tem novas perspectivas. Apesar da minha
perplexidade com os rumos que a rivalidade Facebook x Google vem
tomando, é fato que se podem extrair várias lições para as empresas,
baseadas no padrão Facebook de sucesso, entre elas:
- nunca se valorizou tanto o capital
humano como hoje. As redes sociais são, acima de tudo, sociais. E é
nessa diretriz que as empresas devem apostar: desvincular sua hierarquia
rígida e adotar sistema de redes de trabalho entre seus funcionários. A
velha ideologia da “recompensa e punição” não funciona mais.
- as pessoas não desprezam propagandas
quando as propagandas são segmentadas conforme as preferências do
cliente (e que banco de dados o Facebook tem para saber se lhe anuncia
um livro de ficção científica ou um DVD de uma comédia romântica!);
- ser “apenas” simples e útil (Google) não basta;
- presença global é um atrativo (aí nos lembramos da decadência do Orkut, praticamente nacional);
- não enxergue as outras empresas apenas como um concorrente; sempre há espaço para parcerias;
- estimule a inovação. E a inovação pode
vir de qualquer um (exemplo disso são os aplicativos que incrementam o
Facebook e são desenvolvidos por pessoas de todo o mundo – open source);
- a empresa precisa ser transparente em
suas ações. E isso não se consegue com campanhas publicitárias
milionárias, deve ser ideologia do cotidiano da Diretoria (lembrem das
apresentações dos produtos/serviços da Apple e Facebook, seus CEOs estão
vestidos informalmente e seu discurso é feito para os clientes/usuários e não para os jornalistas que estão cobrindo a conferência);
E o que podemos esperar do futuro? Que a
bolha se concretize? É incerto. No momento, o Google trocou seu CEO para
tentar frear avanço do Facebook. Para mim, no entanto, o que definirá
se realmente o Google (e demais sites) serão tachados como “antiquados”
ou não dependerá de quem conquistará a “fronteira final”: a China, o
país mais populoso do mundo e que praticamente não usa nem Google nem
Facebook.
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