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A
Amazônia vem sendo invadida, privatizada desde o início da colonização,
com a chegada dos portugueses e espanhóis. Óbvio que em proporções
muito menores no início, mas que ao longo dos anos, com a diversificação
dos interesses na área, hoje é quase que humanamente impossível
determinar se ainda há algum local na Amazônia que não tenha já um
“dono”.
A
invasão não só de grileiros, mas também de ONGS internacionais, as
quais em sua maioria, não estão ali para cumprir o objetivo a que foram
criadas... bem como coronéis que comandam municípios inteiros com a
conivência dos governantes e “doam” terras públicas em troca de apoio
político e até a própria FUNAI que deveria garantir a segurança de
índios e ribeirinhos mas tá sempre fazendo vista grossa às grilagens e
etc...
Mas pior de tudo ainda é o gado. O gado representa a maioria do desmatamento da Amazônia.
Aí vc pergunta: quem é o dono do gado?
Bom, aí entra o sistema.
Como lutar contra a destruição da floresta dentro de um sistema que
visa o tempo todo acumulação de capitais, mesmo que pra isso, tenha que
colocar em perigo a própria existência da humanidade?
Pois se é justamente quando a economia vai relativamente equilibrada,
aumenta-se o desmatamento. Quando há recessão, diminui-se o
desmatamento.
Como então acreditarmos que dentro deste sistema, o capitalismo, a
Amazônia conseguiria sobreviver sem que fosse esquartejada?
De todo o mundo, o Brasil é o único país com área expressiva de
floresta e com biodiversidade superior a qualquer outra área do planeta.
Os olhos do mundo estão sobre a Amazônia. E o mundo é capitalista
selvagem. Então, é uma pena, mas ... a Amazônia não é nem nunca foi
“pulmão” do mundo. A Amazônia é sim, a mina de ouro, a redescoberta das
Américas
A luta não é contra o grileiro, contra o coronel, contra o Sarney,
contra o lula... a luta é contra o sistema. Pq o que seriam destas
figuras, se o sistema não os mantivesse na posição em que estão?
O conteúdo da MP458, formaliza não só a posse da terra de quem já está
lá (sejam grileiros, famílias em assentamentos, coronéis do gado, bem
como suas conseqüências ou seja: o desmatamento, a queima, a
utilização da riqueza natural sem sustentabilidade alguma... e outras
mazelas que conhecemos de cabo a rabo.
O problema maior dessa MP ser vista como RETROCESSO, é que o grau de
conscientização de quem avalia desta forma, está aquém do que deveria.
Afinal, retrocesso significa recuar. Voltar ao estado original.
Aí eu pergunto: qual a situação "original" da Amazônia para considerar a MP um retrocesso?
Em nenhum governo, ouviu-se falar da constituição de um Órgão gestor do meio Ambiente.
Pela primeira vez, com a criação deste órgão, e a gestão de Marina da
Silva, a Amazônia após décadas, experimentou por quase seis anos, um
alívio no desmatamento. Mas como eu disse anteriormente, a luta não é
contra quem mete fogo, mas sim contra o sistema... até ela se
desenganou e pulou fora do barco, ao perceber que , não há possibilidade
de implantar medidas de cunho coercivo após décadas de posse
indiscriminada da área florestal da Amazônia. E pq? Pq quem comanda o
desmatamento, quem comanda a Amazônia, comanda também o congresso
inteiro.
Um exemplo são as terras indígenas:
Elas representam acho que 12% de toda a região do país. A maioria se
concentra exatamente na Amazônia. Esse percentual de terra, está
relativamente salvo.
Mas ainda assim, enfrenta os ânimos de até mesmo (pasmem) , dos que
hoje chamam a MP458 de legalização da grilagem.
Mas como assim? Memória curta, vamos relembrar: Raposa Serra do Sol.
1,7 milhões de hectares destinados à reserva indígena. Foi determinado
pelo governo Federal de FHC há mais ou menos 10 anos (creio eu, num tô
muito certa disso, depois eu pesquiso pra dar certeza do período), a
fatiação contínua desta área e a formalização como área indígena, ou
seja, uso único e exclusivo dos indígenas. Mas aí, vários setores do
Estado, e até a comunidade local, promoveram protestos, manifestações e
barraram a homologação. Ou seja, o Governo tentou, e olha que não o era
o Lula, pra acharem que to puxando sardinha, mas não conseguiu a tal
homologação, pelas ações de empresas arrozeiras (responsáveis pelo PIB
do Estado e municípios inteiros instalados no interior da mata.).
Vale ressaltar que os índios da reserva Raposa Serra do Sol, são
considerados isolados, protegidos pelo Estatuto de índio para que o
homem “branco” não imponha sua integração à comunidade nacional. Ou
seja, são primitivos... amantes da natureza. Mas me lembro bem, de
vários setores da sociedade acusando os índios de assassinos, por terem
matado garimpeiros que haviam invadido sua reserva e achavam um absurdo
(de uma só voz) darem tanta terra pra tão pouco índio. Bom... é o
sistema. Lula, acho que em 2005 ou 2006 chegou a homologar esta
fatiação, e os “brancos” tiveram que deixar a área.
Mas ainda existem causas inúmeras contra a homologação, já que nosso
judiciário nunca bate o martelo definitivamente em relação ao assunto. E
pergunto: será pq???
Hoje se luta pela não privatização da Amazônia, mas ontem e a qualquer
momento, chamam os índios de assassinos por defenderem a Amazônia.
Voltando a questão da privatização, é neste mérito que quero chegar.
Qualquer ação do governo em relação àquela área, não vai mudar o curso
da história, a não ser que, radicalmente, um líder do estilo Fidel ou
Chavez, resolva NACIONALIZAR a Amazônia e entregá-la nas mãos dos
índios. Mas não os índios com doença mental de branco, mas os índios
isolados, os primitivos. E se isso acontecer, os mesmos que hoje gritam
aos quatro cantos contra a MP458, vão gritar contra a nacionalização. Pq
os interesses que movem os defensores da Amazônia, não estão restritos a
cunho social, nem tão pouco ambiental. E muito menos regional. A
Amazônia , como diz o slogan dos EUA – “é patrimônio da humanidade” , eu
reeditaria: “a Amazônia do Brasil, é patrimônio do capitalismo”.
Bom... resumindo, pra não cansar os zoim de quem tá lendo: a MP458
(ainda não se sabe ao certo todo o seu conteúdo) mas pelo menos três que
podem ser barrados pelo Governo – o que legaliza as terras de pessoas
jurídicas e permite a exploração máxima – e outros que os próprios
ambientalistas apontam como o pivor da manifestação contra – nada mais é
que a formalização da invasão. Era invadida ilegalmente, explorada
ilegalmente, desmatada ilegalmente e agora, conta com a legalidade do
Governo, o que torna mais fácil a instituição de multas bilionárias e a
manutenção do cofre $$$$$, além de não ferir o princípio máximo do
sistema que é a acumulação de capitais.
Alguém aqui se habilita em pleno século XXI a lutar contra?
Eu
??? só se for na sala de aula. Ainda tenho esperanças de um futuro
melhor. E só mesmo renovando por completo a mente, a consciência e
promovendo assim, o comprometimento de todos os cidadãos pensantes com a
possibilidade de se viver no planeta terra sem ter que destruí-lo. Mas
aí, uma andorinha só não faz verão.
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