O dia de ontem foi bastante movimentado na Divisão de Investigações e
Operações Especiais (Dioe). Mais de 100 pessoas procuraram a sede para
realizar uma ocorrência contra a empresa Eletromil que ofertava serviços
de compra premiada para milhares de pessoas. A empresa aplicou a fraude
em vários locais onde havia filiais no Pará. Sua sede fica localizada
no Estado do Maranhão.
De acordo com o delegado Neyvaldo Silva, titular da Dioe, os
proprietários da empresa, Eduardo Fernandes Facunde, a sua esposa e
sócia Maria Sailene Fernandes Facunde e o filho do casal Eduardo
Fernandes Facunde Junior, tiveram a prisão preventiva decretada ontem,
após o inquérito referente à loja localizada na Cidade Nova, em
Ananindeua, ter sido aberta na última sexta-feira, 3.
“Conseguimos identificá-los através do nosso banco de dados. E agora
queremos realizar a prisão dos acusados”, comentou o delegado Neyvaldo.
Ele ainda afirmou que deverá pedir apoio da Polícia Civil do Estado do
Maranhão. “Como a empresa tem sua matriz no Maranhão, vamos pedir para
que a polícia de lá nos ajude nas buscas”, complementou o delegado.
Ocorrência
Na sala de espera para registro de ocorrência da Dioe, todos os
bancos eram ocupados por vítimas do golpe da Eletromil. O marceneiro
Alzari Feitosa Alves, de 43 anos, contou que pagava seis boletos de duas
motos. “Desde 2010 eu comecei a pagar os boletos. Os valores variavam
entre R$ 210 e R$ 260. Vi isso como um investimento, pois no fim ia
pegar o dinheiro para fazer outras coisas”. O investimento total de
Alzari chegou a um valor de R$ 9.100,00.
O marceneiro contou que não desconfiava que houvesse caído em um
golpe. “Só fui perceber que havia algo de errado, quando o tratamento na
loja começou a mudar. Ia ao local para pagar e já não via toda aquela
receptividade”, contou ele, que só parou de pagar os boletos em novembro
do ano passado. A previsão para retirada do valor que já havia sido
aplicado era para agosto de 2013 e 2014.
Assim como ele, o cabeleireiro Eldo Gomes do Vale, de 25 anos,
comprou 12 carnes para três motos, todos no valor de R$ 100,00 as
mensalidades. “Como todos aqui resolvemos investir nessa compra
premiada. Queríamos no futuro ter um valor para arrecadar. Mas acabamos
nos metendo em coisa errada”, comentou ele. Eldo só ficou sabendo que a
empresa havia fechado através dos noticiários. “Até o mês passado ainda
paguei meus boletos. Não fui informado de que a loja ia fechar”. O valor
do investimento de Eldo chegou a R$ 12 mil.
Todos que procuraram a Dioe têm apenas um intuito: o de reaver o
dinheiro que foi investido. O delegado Neyvaldo, da Dioe, pede para que
outras vítimas, que ainda não tenham comparecido na Divisão, apareçam
para que novos inquéritos sejam abertos contra os fraudadores.
Como funcionava
O esquema executado funcionava da seguinte forma: era formado um
grupo com 48 pessoas, onde mensalmente uma pessoa desse grupo era
sorteada para receber o prêmio e assim ter a sua dívida quitada. Depois
do pagamento de algumas parcelas – às vezes apenas uma prestação – o
sorteado adquiria uma moto, uma TV tela plana. Como o sorteado não
precisava quitar a sua dívida, esse valor era quitado com as prestações
pagas pelos novos clientes que a Eletromil adquiria. A modalidade de
compra premiada oferecida pela empresa, na realidade, escondia um
intricado esquema de pirâmide.
Quando faltaram pessoas para participar do esquema, a bolha estourou.
Mesmo os sorteados ou aqueles que concluíam o pagamento do bem,
deixaram de receber. Houve atrasos de meses para entrega dos prêmios,
sem que o consumidor fosse indenizado ou obtivesse qualquer compensação
pela quebra de contrato.
Fonte: DOL
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